CoGestão do Parque Natural

É Inverno, mas já estamos na fase da esperança: a cada dia a luz aumenta – e é belo o Inverno em Minde, com as suas manhãs de neblina, os dias de sol brilhantes e a verdura fresca.

O Plano de Cogestão do Parque Natural da Serra d’Aire e Candeeiros e Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém – que foi apresentado pela ADSAICA (Associação de Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros, que reúne os 7 municípios do PNSAC: Alcanena, Alcobaça, Ourém, Porto de Mós, Rio Maior, Santarém e Torres Novas) antes do Natal e esteve em consulta pública até 22 de janeiro – é outro sinal de esperança a surgir neste horizonte.

O modelo de cogestão das áreas protegidas visa “criar uma dinâmica partilhada de valorização da área protegida, tendo por base a sua sustentabilidade nas dimensões política, social, económica, ecológica, territorial e cultural” e “concretiza o princípio de gestão de proximidade, baseada num modelo participativo e colaborativo dos diversos atores, públicos e privados”.

Significa isto que estamos prestes a assistir a uma nova fase de investimento, renovação e criação crítica de valor no nosso Parque Natural. Desta vez, contudo, aposta-se na participação do poder local (autarquias e juntas de freguesia) e dos seus habitantes.

Recomenda-se vivamente a leitura do documento “Proposta do Plano de Cogestão 2024-2027”, assim como o Anexo III – Fichas de ação, disponíveis no site do ICNF, para quem deseje entender o que aí vem. O primeiro, além de uma boa descrição das particularidades do PNSAC, detalha os 3 eixos de actuação do plano: Promoção do território, Comunicação e sensibilização, Valorização e proteção do património natural; o segundo apresenta as medidas concretas que até agora estão pensadas para implementação desta visão, sob um orçamento de 75 milhões de euros (!).

Façamos figas para que estes recursos sejam devidamente aplicados e uma pequena revolução ocorra por aqui, pois o nosso Maciço Calcário Estremenho está ainda deveras subaproveitado no seu potencial. Figas também para que as associações e os indivíduos exerçam a sua cidadania responsável neste momento e que as mudanças sejam no sentido efectivo da sustentabilidade, e não do esbanjamento, da superficialidade ou duma qualquer descaracterização.

Por aqui, foram consultadas a Casa do Povo de Minde e o Movimento Mira-Minde que deram valiosos contributos no sentido de se criarem ou melhorarem infra-estruturas, inclusivamente do património natural, como as cisternas e lagoas da Mata e antigos caminhos – talvez até uma ligação ciclável entre Minde e Mira d’Aire.

Ao longo dos próximos meses, virão a estas páginas algumas ideias para uma visão de desenvolvimento sustentável para o nosso polje, esperando com isso suscitar o interesse e o debate construtivo entre os charales sobre o futuro que queremos para o Ninhou nestes domínios.

Entretanto, importa desfrutar desta quase-Primavera que desabrocha flores antecipadamente, um prenúncio bonito e paradoxal das alterações climáticas. O Poio já rebentou, mas a Mata ainda não encheu.

Publicado no Jornal de Minde, edição de Janeiro-Fevereiro

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