Poderíamos começar assim… Numa noite quente do último dia de Maio de 2019, as populações de Minde e de Mira de Aire unidas por um ideal de mudança, com fé e querendo muito construir um futuro melhor e mais participado, compareceram em massa no espaço da Fábrica da Cultura no Ninhou (Minde).
Só que não. Pelo menos na parte da “participação em massa” de resto está certa a introdução.
Foi sem dúvida uma noite agradável onde os cerca de 70 participantes, partilharam as ideias que cada um dos intervenientes preparou como “O seu olhar mais além”.
Tentamos desta vez deixar descansar o “Velho do Restelo” que existe em cada um de nós, pedindo aos participantes desta tertúlia para intervir predominantemente pela positiva, pois para construir um futuro melhor é por vezes necessário acreditar, ter força de vontade e ver o “copo meio cheio”.
Bem sei, pois cresci e me fiz homem “neste cantinho à beira mar plantado”, que a ladainha do desgraçado, do discurso que a culpa é sempre deles, do Estado, dos políticos, dos outros, dos ricos, dos banqueiros, dos advogados, dos empresários… Estão a ver onde quero chegar? Pode vos parecer estranho esta afirmação: A culpa é nossa. E a solução para mudar o País que temos, está nas nossas mãos, no nosso círculo de influência. Nós próprios, a nossa família, os nossos amigos, a nossa comunidade.
As ideias
As ideias foram bastante diferentes umas das outras mas acabaram por se centrar à volta da ecologia e da ideia de um futuro mais sustentável. Foi bonito ver (pelo menos eu achei).
Aqui fica um resumo das ideias, que a seu tempo serão partilhadas aqui no blog em mais detalhe, assim que amadurecerem mais um pouco.
Alcides Oliveira – (Presidente da Junta de Freguesia de Mira de Aire) – Elucidou-nos sobre os desafios inerentes ao desempenho das suas funções e do gosto que tem nutrido pelo despertar de movimentos da sociedade civil como o Vale Limpar ou o Mira-Minde.
Luz e João (10 e 11 anos) – Apresentação do projecto de teatro de rua sobre a sustentabilidade e a importância da água. Falaram também da falta de reciclagem que podemos constatar cada vez que abrimos um qualquer caixote do lixo nas nossas freguesias.
Magda Reis – Criação de um mercado local de trocas, onde fosse possível comercializar ou trocar produtos locais, alimentares, roupas, artesanato… Falou ainda da qualidade de vida que temos por viver nas nossas terras
Manuel Ramalho – Economia circular e permacultura, partilhou ainda connosco exemplos de empreendedorismo na área do turismo e da produção agrícola.
Fátima Vieira – Partilhou a sua vontade de participar num grupo de aprendizagem de hortas comunitárias, e da possibilidade de construção de compostores comunitários de forma a reduzirmos a quantidade de lixo que vai para os aterros.
Ana Silva – Falou-nos sobre a possibilidade de se criar um corredor de alimentação de abelhas, utilizando a flora local. Para ajudar ao desenvolvimento desta espécie tão fundamental para todo o ecossistema.
Daniela Barreto e Flor Saraiva – Projecto Vá(le) Limpar, sobre a recolha de lixo e como a participação cívica nestas acções vale muito mais que mil palavras. Um projecto que já vai para a 5ª acção no terreno.
Flor Saraiva – Partilhou a sua experiência de ir para a universidade e de como o ensino mais académico poderia ser complementado com abordagens mais práticas e enriquecedoras para esta geração, que está muito atenta à problemática da sustentabilidade. Implementação de um centro de formação em tecnologias verdes no nosso polje.
Susana Reis – Trouxe-nos uma visão alternativa nos modelos de educação para as crianças mais baseado no contacto com a natureza e menos dentro das paredes das escolas. Ver o exemplo partilhado
Catarina Alves – Partilhou connosco o trabalho desenvolvido pela Materiais Diversos com crianças do 2º Ciclo e de como a aproximação à natureza está a ser re-feita por projectos que levam as crianças a interagir com o meio natural.
João Afonso – Partilhou algumas estratégias desenvolvidas noutras regiões do País e do Globo, no sentido de melhorar o rácio de reciclagem conseguido pelas populações. Será muito interessante desenvolver este tema, pois actualmente segundo dados da SUMA 80% a 90% do Lixo doméstico acaba em aterros.
Elsa Nogueira – Falou um pouco sobre o Grupo de Escuteiros, como organização que promove o contacto e a sensibilização dos jovens para uma vivência saudável e ecológica. Sugeriu também a possibilidade de se criar um calendário inter-associações para melhor coordenar os eventos que acontecem no nosso território.

Miguel Tristão – Falei sobre a possibilidade de recuperação dos caminhos da mata numa perspectiva de segurança e usufruto e da hipótese de tornar um troço de rio permanente através da construção de uma pequena comporta, complementada com a utilização de uma bomba de água alimentada com painéis fotovoltaicos que alimentasse o caudal regularmente. Possibilitando assim uma área de lazer permanente para as nossas comunidades.
David Reis – Partilhou connosco a sua visão sobre a importância do Branding Geográfico, e da definição e funções que uma marca pode desempenhar num contexto de afirmação e diferenciação no mercado turístico e no contexto de produtos locais. A definição de marca como complemento de uma estratégia de atração de investimento.
E os passadiços?
A surpresa da noite foi a meu ver a falta de apresentação de ideias para percursos na natureza, como os passadiços que estão definitivamente na moda, até porque pelo feedback da primeira tertúlia, tinha quase a certeza que apareceriam duas ou três propostas…
Quero agradecer a todos os participantes da tertúlia que colocaram perguntas e fizeram sugestões, pois só assim as tertúlias fazem sentido, enquanto locais de troca e geração de ideias.
Um sentido agradecimento à equipa da Casa do Povo de Minde que nos acolheu e nos deu todo o apoio para fazer acontecer, assim como ao incansável executivo e equipa da Junta de Freguesia de Minde.
P.S.
Já chegou até nós a Grande Reportagem filmada e editada pela TVMinde, mais uma vez mil obrigados, Rui Venâncio.
Bem Hajam,